Estresse e qualidade de vida

“Quando não nos expressamos através da linguagem verbal, o corpo se encarrega de apresentar o seu próprio discurso. Sendo assim, a qualidade de nossos pensamentos e sentimentos irão repercutir na qualidade de nossas emoções e consequentemente em nossa qualidade de vida”

“Como você funciona diante do estresse diário ou quando uma situação requer uma demanda emocional mais intensa? Como você lida com sentimentos como a tristeza e a raiva?

Os estudos sobre estresse no trabalho têm ganhado crescente atenção no contexto social e nos meios acadêmicos da Psicologia, e saúde mental de modo geral, com significativo aumento na literatura científica nos últimos anos. Uma razão para esse aumento diz respeito ao impacto negativo do estresse ocupacional na vida dos trabalhadores e no funcionamento geral das organizações; em especial em profissões que envolvem risco de vida e que, ao mesmo tempo, são vitais para o funcionamento da sociedade, como no caso da polícia militar.

Inicialmente, é necessário entender a definição de estresse, uma vez que o termo é comumente utilizado para descrever uma gama variada de situações e sensações. “O estresse é a alteração global de nosso organismo para adaptar-se a uma situação nova ou às mudanças de um modo geral, trata-se de um mecanismo necessário ao organismo, pois faz com que o ser humano fique mais atento e sensível diante de situações de perigo ou dificuldade” (João Cavalim Lima).
O estresse pode ser dividido em três fases:

  • Alerta: A fase de alerta ocorre quando o indivíduo entra em contato com seus estressores. O organismo perde o equilíbrio interno no momento em que se prepara para enfrentar a situação para a qual precisa se adaptar. As sensações desagradáveis, aqui, são importantes para que o organismo possa reagir. A fase de alerta, caracteriza-se por ser um estresse positivo que vai deixar a pessoa mais motivada para a ação.
  • Resistência: Nesta fase, há uma desaceleração do estresse, a recuperação se dá, quando o organismo consegue resistir ao estressor através da adaptação, o que leva ao reequilíbrio. O organismo pode se adaptar ao problema ou eliminá-lo. Porém, se a pessoa não consegue o equilíbrio interno, o processo de estresse pode resultar no início da fase de exaustão.
  • Exaustão: Ocorre um maior comprometimento físico sob a forma de doenças, a fase de exaustão é considerada a pior fase do estresse, a fase mais negativa. Nessa fase, ocorre um grande desequilíbrio interno, na qual a pessoa pode ficar incapacitada de tomar decisões e de se concentrar. Recentemente, após 15 anos de pesquisas, foi identificada uma outra fase do estresse, chamada de quase-exaustão. O estresse se processaria, então, em quatro fases: alerta, resistência, quase-exaustão e exaustão. Na fase de quase-exaustão aumenta a vulnerabilidade às doenças, se há maior intensidade, concomitância e freqüência dos agentes estressores e o corpo sofre desgaste excessivo na tentativa de recuperar a homeostase.

Sintomas psíquicos como irritabilidade excessiva, pesadelos, apatia, indisposições, angústia, ansiedade, falta ou excesso de apetite podem gerar complicações físicas como: distúrbios no ritmo cardíaco, arteriosclerose, insônia, enfarte, cefaléia, derrame cerebral, transtornos gastrointestinais, doenças inflamatórias ou autoimunes, problemas dermatológicos, tensão muscular, disfunções sexuais. Além de saber as fases do estresse, é importante saber de onde ele vem. Pode-se dizer que existem estressores tanto externos quanto internos. As situações que vivenciamos no dia-a-dia, tanto na vida pessoal como no trabalho, e as pessoas com as quais nos relacionamos, podem se configurar em agentes estressores externos. Os estressores internos seriam as nossas crenças, nossos valores, características pessoais e a forma como interpretamos e lidamos às diferentes situações.

É fundamental identificar os tipos de estresse para busca de ajuda profissional:

a) Estresse agudo: transtorno transitório que ocorre em indivíduo que não apresenta nenhum outro transtorno mental manifesto em razão da exposição a um evento traumático.
b) Estresse cumulativo: conjunto de alterações psicofisiológicas que afetam o cotidiano da pessoa, devido à freqüente adoção de estratégias equivocadas para o alívio dos sintomas, característicos da “fase de resistência” do estresse.
c) Estresse pós-traumático: resposta retardada a uma situação ou evento crítico (de curta ou longa duração), que provoca sintomas evidentes de perturbação no indivíduo.

Luciana Queiroz

 

Luciana Queiroz

Atua há 18 anos como psicóloga clínica, é formada pela Unesp-Assis; realizou aprimoramento profissional na Unesp-Botucatu e especialização em Psicoterapia Dinâmica Breve/Focal na Unesp-Bauru.
http://apas.idetec.com.br/medico/luciana-queiroz/